Uma saqueta instantânea de 4 anos de vida em água a ferver.

“FAST” é a palavra que melhor descreve os quatro anos que passaram e nos quais me transformei de cético a crente. Inspira.

Numa espontânea noite de copos, e num contexto para ambos fora do normal, surge o reencontro com a Inês. Sabíamos lá nós que este momento nos iria marcar para o resto das nossas vidas. Chamar-lhe-ia nesta altura coincidência. Sempre fui cético e muito pragmático em relação à nossa passagem nesta casa à qual chamamos “Terra”, mas, já como o ditado diz, “nunca digas desta água não beberei”, e foi nesse mesmo ano, no Boom Festival (festival transformacional) que me foi servido o primeiro “copo” de lucidez. A minha mente inquieta sempre me fez sentir alguma solidão e algum desenquadramento com o que me rodeava e, ali, permiti-me ser eu mesmo. Expira.

Foi um verão intenso, uma confusão de sentimentos, uma nova entrega, uma panóplia de novas experiências, conhecer um monte de pessoas a quem hoje chamo família e um encontro comigo mesmo, senti-me em “casa” como há muito não me sentia. E como tudo o que é bom acaba, a Inês recebe uma proposta de trabalho e volta para Londres. Inspira!

Por cá também eu tinha um novo emprego com mais responsabilidade e menos horas de sono, e assim começava uma nova rotina de inverno. De casa para o trabalho, do trabalho para casa. Casa? Não… Casas! Três mudanças ao todo. No meio de tudo isto, não esquecer, uma relação com dois meses de idade à distância, ainda longe de saber que tinha encontrado a mulher da minha vida. Pacote completo.

Skype, whatsapp, facebook, umas dezenas de bilhetes de avião, uma pitada de vindas da Inês a Lisboa, mais umas quantas viagens pelo mundo nas férias para aliviar a distância, e estava feita a receita de três anos fantásticos de relação. Not! Estava por um fio e só me restou uma solução para lidar com este sentimento que crescia de dia para dia e que a distância tornava em agonia: pedi-la em casamento. E não é que resultou?  Expira…

O regresso da minha futura mulher foi uma lufada de ar fresco, tempos de calma, paz e harmonia. Começam os preparativos para o casamento (para quem ainda não passou por isto, há momentos mesmo stressantes), e, a ajudar à festa, começa o desencanto no trabalho pois uma vez que se percebe o sistema a única vontade é sair dele. E como não há casamento sem bolo, nem bolo sem cereja no topo, descobrimos que temos um mini a caminho (que óbviamente tanto queríamos mas que esperávamos o “momento certo” para o ter) só para ficarmos ainda com menos tempo livre. Vou ser pai? SIM! Finalmente o maior sonho realizado, VOU SER PAI!!

Expira e absorve… Inspira.

Lista de convidados, decoração, vestido, várias idas à Comporta, pinta tábua, colhe flores, escolhe catering e mais umas quantas listas para estar tudo pronto para o grande dia em que íamos mostrar ao mundo como é que a nossa tribo ama. “Nós casamos os nossos” grita a madrinha a manter o compasso acelerado de uma noiva com o nervoso miudinho a crescer a cada segundo, porque para nós amar é partilhar e em cada detalhe é depositada toda a intenção. Há que atribuir culpas a processos de desenvolvimento pessoal que me abriram as portas de uma espiritualidade sem cara que solidificou duas grandes verdades na minha vida, que pertencemos a um todo e, como dizia um poeta brasileiro, “planta o bem que o resto vem”. Finalmente ficou tudo selado e aprovado. Expira profundamente.

Hora do mel, romance, curtir a gravidez e planos para mais uma mudança: Decidimos ir viver para perto da praia, para uma casa bem maior que o nosso mini T1 no centro da cidade, grande o suficiente para construir uma família, o que compensou a migração para o subúrbio. Mentes inquietas repugnam tranquilidade, e lá vamos nós outra vez: Inspira.

Muda de casa, obra aqui, obra ali, compra fraldas, roupas, acessórios, faz massagens, decora o quarto, passa o creme, e mais umas quantas aulas a limpar rabos a bonecos, assim se passam nove meses de ansiedade e conversas com uma barriga em movimento. Este tipo de eventos mudam vidas e a minha mudou profundamente, e além disso há que manter este ritmo alucinante que por esta altura já virou vício.

Começam as contrações, pega no carro, vai para o hospital, entramos os dois, esperamos os dois, sofremos os dois e finalmente saí mais um, passamos a ser três. Confirma-se. É o milagre e o sentido da vida que se esbarram connosco de frente pondo tudo em causa à nossa volta, dizemos adeus à espontaneidade mas entregamo-nos ao amor: INCONDICIONAL. Expira.

“Mais uma volta, mais uma voltinha, no carrossel da alegria…” Inspira profundamente.

Sentimentos únicos, pensamentos novos, reposicionamento de vida assumido, e um mergulho de cabeça numa mudança de 180º. Nestes quatro anos aprendemos que “barco parado não faz viagem”, que se queremos mudança temos de nós mesmos mudar e sobretudo que não queremos perder um segundo do crescimento do nosso filho. A nossa maior vontade neste momento é deixar ao Martim um mundo melhor, com mais oportunidades, com mais aproveitamento da vida. Largo o meu trabalho, arregaçamos as mangas com uma única palavra em mente: “FORWARD!”

#BEATRANSFORMNATION

By Francis

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